PROGRAMA DE TREINAMENTO DE MARCHA
Andar é uma das habilidades motoras mais básicas e automáticas que desenvolvemos por volta dos 12 - 18 meses de vida. Estima-se que uma pessoa ande em torno de 120.000 Km durante a vida e só é possível realizarmos atividades mais complexas como saltar, correr ou subir escadas depois que adquirimos a habilidade de andar.
Alterações na marcha podem surgir por diversos motivos, como uma simples fraqueza muscular, ou como consequências de determinadas doenças (AVC, Parkinson, ELA, Esclerose Múltipla, Ataxias, Tumores cerebrais) e existem diferentes marchas patológicas:
• Marcha ceifante ou hemiparética - ocorre após acidentes vasculares cerebrais e o paciente não consegue colocar o peso na perna do lado afetado, nem projetar a perna a frente corretamente quando precisa dar um passo.
• Marcha talonante - Quando o toque do calcanhar é feito com muita força, ocorre geralmente em neuropatias quando há perda de sensibilidade profunda, vibração e de propriocepção.
• Marcha atáxica - Observada em pessoas com dificuldade na execução de movimentos devido à problemas neurológicos ou lesões cerebrais. Caracterizada por uma base alargada, com as pernas projetadas para frente e para os lados, com movimentos largos e imprecisos, com desequilíbrio e olhar voltado aos membros inferiores.
• Marcha Parkinsoniana - Caracterizada por passos curtos, projeção do tronco a frente, aumento da velocidade e sem movimentação dos braços.
• Marcha escarvante - Esta marcha se caracteriza pelo toque no chão com a ponta do pé, como se estivesse escavando o solo. O problema ocorre por lesões no nervo fibular, nos nervos periféricos, radiculites, polineurites e poliomielites, que impede a dorsiflexão dos pés.
• Marcha anserina - Presente em indivíduos que apresentam fraqueza nos músculos pélvicos, com a rotação exagerada da pelve, arremessando ou rolando o quadril de um lado para outro a cada passo, para deslocar o peso do corpo.
O treino de marcha é uma estratégia da fisioterapia utilizada para ajudar o corpo a manter o equilíbrio (na posição estática ou dinâmica) e desenvolver uma marcha independente ou com auxílio de forma eficaz.
Alguns estudos comprovam que o treino de marcha favorece as conexões neurais por meio de estímulos sensoriais que apontam ao sistema nervoso central. A aplicação de um protocolo de treino de marcha de forma repetida gera uma série de estímulos sensoriais que promovem respostas de ações motoras, de forma organizada para recrutamento seletivo dos músculos requisitados a cada etapa da marcha, onde o próximo passo é o treino no ambiente externo (fora do consultório) com diferentes tipos de superfícies e obstáculos.
Durante o treino de marcha trabalhamos o aprendizado motor, ensinando as melhores estratégias e correção de compensações, e posteriormente a retenção do aprendizado.
O uso da Neuromodulação não invasiva pode ser um tratamento adicional importante, potencializando os benefícios do treinamento.
Alguns benefícios do treino de marcha:
• Melhora do desempenho fisiológico ao esforço (treinamento);
• Melhora da velocidade para andar e do comprimento do passo;
• Melhora do controle do tronco, o que favorece a realização de atividades mais complexas e com necessidades mais elevadas de coordenação motora;
• Melhora do equilíbrio, minimizando o risco de quedas;
• Melhora na habilidade de subir escadas;
• Mesmo nos pacientes que não caminham, pode-se observar melhora na habilidade de realizar ou auxiliar nas transferências (rolar na cama, deitar, sentar e levantar);
• Após um período de treinamento os benefícios adquiridos mostram-se mantidos em muitos casos, por vários meses.
O treinamento pode ser realizado de forma independente, com o auxílio de dispositivos auxiliares de marcha como bengalas, muletas e andadores, ou em esteira. A independência da marcha (mesmo com o auxílio de dispositivos) promove maior auto-estima, independência e autonomia para os pacientes.