Essa pergunta é bastante frequente, e geralmente vem acompanhada da seguinte frase: mas se eu ainda tenho poucos sintomas, por que já preciso de Fisioterapia?
A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa, e com isso, há progressão dos sintomas ao longo do tempo, tanto dos sintomas motores quanto não motores.
Os principais sintomas, que são aqueles que precisam estar presentes para que haja o diagnóstico são: tremor de repouso, rigidez e bradicinesia, que é a lentidão nos movimentos.
Historicamente, o início da incapacidade na DP tem sido associado à gravidade moderada da doença. No entanto, estudos recentes demonstram que já há incapacidade mensurável em relação a indivíduos neurologicamente saudáveis da mesma idade muito mais cedo no curso da doença e, em alguns casos, até mesmo antes do diagnóstico.
Na maioria dos casos, os pacientes só procuram a fisioterapia quando ocorre uma piora significativa dos sintomas, como piora da marcha, quedas ou dificuldade na realização de atividades de vida diária ou laborais. Entretanto, diversos estudos já demonstraram que quanto antes for iniciada a reabilitação, maiores são os benefícios.
Existem diversas modalidades que podem ser utilizadas no tratamento de pessoas com Parkinson, dentre elas:
Exercício Aeróbico
O exercício aeróbico de intensidade moderada a alta pode ser mais benéfico para atenuar os sintomas motores, melhorar a função física e reduzir a incapacidade. Os efeitos do exercício aeróbico na melhora dos sinais não motores são promissores, com melhora em funções executivas depressão, fadiga, atenção e memória.
Entretanto, para que os efeitos do exercício permaneçam, é importante que a prática seja regular.
Exercícios de resistência
A hipocinesia e a bradicinesia na DP são mediadas por alterações na função dos gânglios da base, bem como pela atrofia muscular e perda de força associada ao envelhecimento. Essas alterações levam à um deficit progressivo de perda de força muscular e dificuldades com movimentos de grande amplitude e velocidade.
Estudos demonstram aumento da produção de força muscular e melhora da mobilidade funcional após o treinamento, além disso, o treinamento de grupos musculares específicos traz benefícios em atividades como: sentar e levantar, subir escadas, caminhar e tossir.
Exercícios de equilíbrio
Quedas são muito comuns em indivíduos com DP e contribuem para lesões, déficits de mobilidade e piora na qualidade de vida.
Os exercícios de equilíbrio podem reduzir o número de quedas, porém, é necessário que sejam realizados de maneira intensiva e com supervisão de um profissional com experiência em DP.
Treino de marcha
Alterações na marcha podem ser percebidas já em fases iniciais da DP, e apesar dos importantes benefícios trazidos pela medicação, muitos aspectos da marcha não melhoram com reposição dopaminérgica, fazendo com que o tratamento visando o aumento da velocidade e da quantidade de passos seja fundamental para melhora da função.
O treino de marcha é eficaz em melhorar vários aspectos da marcha em pessoas com DP como velicidade, tamanho do passo e melhora nos episódios de congelamento.
Apesar de todos os benefícios, ainda há um atraso no início do tratamento com reabilitação, muitas pessoas não conhecem ou acham que ainda não é preciso, e só procuram ajuda quando sintomas mais graves como quedas, congelamento da marcha ou dificuldade para levantar da cadeira aparecem. O início precoce dos exercícios, além de trazer mais independência e autonomia, garante maior mobilidade e um melhor controle dos sintomas. Quanto mais conhecemos o nosso corpo, maior é a nossa capacidade de controlar o que fazemos com ele, além disso, o exercício é capaz de promover alterações no cérebro, o que chamamos de neuroplasticidade.
Atualmente, considera-se também que a associação entre neuromodulação não invaisva e reabilitação especializada traz benefícios em diversos sintomas.
O tratamento deve ser realizado de maneira individualizada e é imprescindível que seja realizada uma avaliação inicial!
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