A prática regular de exercícios é fundamental para uma vida saudável. Pessoas com com doença de Parkinson (DP), o exercício é um componente vital para manter o equilíbrio, a mobilidade e autonomia para as atividades da vida diária. Pesquisas mostram que o exercício pode não apenas manter e melhorar a mobilidade, flexibilidade e equilíbrio, mas também aliviar os sintomas não motores da DP, como depressão ou constipação.
Indivíduos com DP que começam a praticar exercício mais cedo no curso da doença, durante um mínimo de 2,5 horas por semana, experimentam um declínio lento na qualidade de vida em comparação com aquelas que começam mais tarde. Estabelecer hábitos de exercício precoce é essencial para o manejo geral da doença.
Que tipo de exercício devo fazer?
Para ajudar a controlar os sintomas da DP, seu programa de exercícios deve incluir:
Atividade Aeróbica
Treinamento de força
Equilíbrio, agilidade e multitarefa
Flexibilidade
Os quatro elementos dos exercícios estão presentes em diversos tipos de exercícios, como: ciclismo, corrida, Tai Chi, ioga, Pilates, dança, musculação, boxe sem contato, qi gong dentre outros.
Não existe uma “prescrição de exercício” certa para todas as pessoas com DP. O tipo de exercício que você faz depende dos seus sintomas, desafios e estilo de vida. Para quem é mais sedentário, começar com exercícios de baixa intensidade, como caminhada, por exemplo, já é um grande passo.
A intensidade das atividades vai aumentando gradativamente conforme evolução de aspectos motores e cardio-pulmonares.
O mais importante é praticar exercícios regularmente. Encontrar um exercício que você goste ajuda a manter-lo na rotina.
Por onde começar?
Antes de iniciar um programa de exercícios, consulte um fisioterapeuta especializado em DP para avaliação funcional completa e elaboração do plano de tratamento mais adequado.
Use um pedômetro (contador de passos) e descubra quantos passos você dá em média por dia e aumente a partir daí. Muitos celulares ou smartwatches possuem um recurso de pedômetro integrado ou um aplicativo que pode ser baixado.
Exercite-se dentro e fora de casa.
Mude sua rotina para se manter interessado e motivado.E escolha um exercício que você goste.
Encontre uma companhia
Muitas pessoas se sentem mais confortáveis quando se exercitam com outra pessoa. Em estágios mais avançados da DP, é importante ter alguém por perto por questões de segurança. Algumas atividades podem aumentar o risco de queda, por exemplo.
Os parceiros de treino podem ajudar a motivar e envolver uns aos outros em seus exercícios. Pessoas novas em programas de exercícios podem se beneficiar com o treinamento com um professor individual ou de grupo.
Um fisioterapeuta pode ser útil para iniciar um programa para pessoas cuja mobilidade é significativamente afetada pela DP.
A melhor maneira de ver os benefícios é praticar exercícios de forma consistente. Pessoas com DP que se exercitam por períodos maiores de seis meses, independentemente da intensidade do exercício, apresentam ganhos significativos no equilíbrio funcional e na mobilidade em comparação com programas de duas ou 10 semanas.
Entretanto, quando se trata de exercício e DP, maior intensidade pode trazer maiores benefícios. A recomendação é que as pessoas com DP, especialmente aquelas com DP de início precoce ou nos estágios iniciais, pratiquem exercícios com alta intensidade pelo maior tempo possível e com a maior frequência possível. Quanto mais você faz, maiores são os benefícios.
O exercício intenso é aquele que aumenta a frequência cardíaca e respiratória. É possível conversar, mas com alguma dificuldade.
A maioria dos estudos concentrara-se na corrida e no ciclismo, mas outros exercícios intensos, como a natação, proporcionam o mesmo benefício.
Independentemente da sua condição, sempre alongue, aqueça e esfrie adequadamente.
Exercite-se de uma maneira que seja segura para você, conhecendo os seus limites
Muitos grupos de apoio, terapeutas e programas de exercícios podem ajudar com exercícios seguros para DP ou ajudá-lo a configurar seu próprio programa.
Desafios para praticar exercícios
Pessoas nos estágios iniciais da DP tendem a ser tão fortes e fisicamente aptas quanto indivíduos saudáveis da mesma idade. À medida que o Parkinson progride, pode levar às seguintes alterações físicas:
Perda de flexibilidade articular, o que pode afetar o equilíbrio.
Diminuição da força muscular ou descondicionamento que pode afetar a marcha e a capacidade de se levantar da posição sentada.
Declínio no condicionamento cardiovascular, o que afeta a resistência.
O exercício além de ser bom para o coração e para os músculos, também pode realmente mudar o cérebro. Estabelecer hábitos precoces de exercício é uma parte essencial do manejo geral da doença, e é por isso que a Sociedade do Distúrbio do Movimento (MDS) recomenda agora o exercício como parte da maioria dos planos de tratamento da DP.
Quais sintomas do Parkinson podem melhorar com o exercício?
Pesquisas evidenciaram que a prática regular de exercícios físicos pode melhorar a marcha, o equilíbrio, o tremor, a flexibilidade, a força de preensão e a coordenação motora.
Importante lembrar que:
Praticar qualquer nível de atividade física é benéfico para os sintomas de motores; mas as atividades intensas trazem benefícios maiores;
Para pessoas com DP leve a moderada, exercícios direcionados podem tratar sintomas específicos. Por exemplo: o exercício aeróbico melhora o condicionamento físico, os exercícios de caminhada auxiliam na marcha e o treinamento de resistência fortalece os músculos;
Um estudo mostrou que aulas de tango duas vezes por semana ajudaram pessoas com DP a melhorar os sintomas motores, o equilíbrio e a velocidade de caminhada;
O exercício também pode melhorar a cognição, a depressão e a fadiga;
Pessoas que praticam exercícios vigorosos, por exemplo, correr ou andar de bicicleta, apresentam menos alterações cerebrais causadas pelo envelhecimento.
Benefícios neuroprotetores do exercício
Neuroproteção ocorre quando seu cérebro trabalha para prevenir a morte de neurônios ou células cerebrais. Para as pessoas com DP, o exercício não é apenas vital para manter o equilíbrio, a mobilidade e as atividades da vida diária, mas também tem o potencial de ter um efeito neuroprotetor.
O cérebro pode mudar?
Sabemos que na DP os neurônios que produzem o transmissor químico dopamina são danificados e perdidos. Há um período de tempo entre o início da perda de neurônios e o início dos sintomas motores da DP. No momento em que a maioria das pessoas é diagnosticada, quase 80% dos neurônios dopaminérgicos já desapareceram.
Durante este período, o cérebro muda, compensando a perda de neurônios dopaminérgicos que ocorre durante o processo de neurodegeneração. Os cientistas chamam essa capacidade do cérebro de se adaptar à mudanças de neuroplasticidade.. Esse mesmo processo ocorre ao longo da vida em resposta à experiência. À medida que as crianças aprendem habilidades motoras, por exemplo, as células cerebrais fazem novas conexões, e este processo continua durante a idade adulta.
O exercício pode afetar o cérebro ao impulsionar essa compensação, ou neuroplasticidade, ajudando o cérebro a manter conexões antigas, formar novas e restaurar conexões perdidas. Isso pode, de alguma maneira, compensar os efeitos da neurodegeneração.
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