A palavra ataxia significa incapacidade de coordenação e é usada para designar os sintomas de diversas condições neurológicas.
Ataxia não é uma doença ou mesmo um diagnóstico.
A principal característica da ataxia é a perda da coordenação dos movimentos voluntários, ou seja, aqueles que fazemos de forma consciente como: abrir uma janela, tomar um copo de água, correr no parque, dentre outros.
A ataxia pode acometer os dedos, as mãos, braços, pernas e até o olhos, além de afetar o equilíbrio, o tônus muscular, a deglutição e a fala.
O termo ataxia também é utilizado para nomear transtornos degenerativos do sistema nervoso central, causados por alterações genéticas hereditárias que podem afetar homens e mulheres de todas as idades, indistintamente. Em alguns casos, a desordem pode ser reversível, desde que tratada a doença subjacente que causou o transtorno. Nos outros, os danos são progressivos e os recursos terapêuticos se voltam para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
A causa mais comum da ataxia é uma disfunção do cerebelo. A chamada ataxia cerebelar pode também estar correlacionada com alterações nas vias condutoras para a medula espinhal ou para outras áreas do cérebro.
Existem diferentes tipos de ataxia. A classificação facilita a comunicação entre os profissionais e tem o objetivo de orientar a investigação da causa específica. Por exemplo, as ataxias podem ser:
Hereditárias - causadas por defeitos em determinados genes presentes desde a fecundação
Adquiridas - casos em que existe uma causa externa para o problema, como deficiências de vitaminas, condições auto-imunes, infecções, entre outras causas.
Em geral, pessoas com ataxia também apresentam dificuldade para realizar atividades motoras que exigem coordenação fina de movimentos como escrever, comer, abotoar a roupa, al
em de fala lenta e arrastada, dificuldade para articular palavras (disartria), diminuição do tônus muscular (hipotonia), oscilação rápida e involuntária dos globos oculares (nistagmo) e dificuldade para engolir (disfagia). Esses sintomas podem instalar-se aos poucos ou subitamente.
Os sinais clínicos são bastante variados e estão diretamente relacionados à idade em que aparecem e com o tipo e evolução da doença.
Nos estados mais avançados, a locomoção e o equilíbrio podem estar tão prejudicados sendo necessário o uso de dispositivos auxiliares da marcha ou o uso de cadeira de rodas.
Tratamento da ataxia
O tratamento deve ser conduzido por equipe multidisciplinar, constituída idealmente por neurologista, oftalmologista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista.
Para os casos de genéticos ainda não existe cura e o tratamento visa melhora dos sintomas e da qualidade de vida, garantindo o máximo de independência e autonomia para realização das atividades diárias.
Nos casos em que existe uma doença de base responsável pelo aparecimento dos sintomas, o tratamento deve voltar-se para corrigir a causa desse problema, o que pode tornar o quadro sintomático reversível. Por exemplo, quando a incoordenação motora, a perda do equilíbrio e o comprometimento da fala forem causados por intoxicação por remédios, tabaco ou abuso de álcool, suspender o consumo dessas substâncias é a conduta terapêutica indicada.
Nos casos mais graves, medicamentos antiespasmódicos, relaxantes musculares e a aplicação de toxina botulínica (botox) podem ajudar a diminuir a rigidez e a contratura muscular que se estabelecem progressivamente e comprometem a mobilidade.
Estimulação Magnética Transcraniana
A Estimulação Magnética Transcraniana tem se mostrado promissora no tratamento da ataxia, visando melhorar a conectividade cerebelar e, consequentemente, a coordenação motora dos pacientes.
Existem diversos estudos em andamento, e, apesar de não curar a doença, a estimulação parece melhorar diversos sintomas da doença, contribuindo assim para uma significativa melhora na qualidade de vida.
Alguns benefícios da EMT nas ataxias incluem:
Melhora da Coordenação Motora, através da modulação da atividade no cerebelo, promovendo melhorias na coordenação motora e no equilíbrio, fundamentais para pacientes com ataxia.
A EMT pode facilitar a plasticidade cerebral, possibilitando a reorganização e a adaptação das vias neurais afetadas pela ataxia, o que pode contribuir para a recuperação funcional.
Estudos têm indicado que a EMT pode amenizar alguns sintomas da ataxia, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos pacientes.
A EMT é uma ferramenta importante no manejo de diversas doenças neurológicas, uma vez que não apresenta efeitos colaterais graves e não interfere no tratamento medicamentoso.
É importante ressaltar que não existe uma receita de bolo e é sempre necessário realizar uma avaliação para definição do tipo de protocolo e quantidade de sessões.
Também é interessante considerar uma abordagem combinada de Estimulação Magnética Transcraniana com a prática de fisioterapia, que lança mão de estratégias compensatórias para fazer com que o paciente tenha um desempenho o mais independente possível dentro do nível funcional presente.
Pessoas cujos sintomas estão piorando com o tempo, um atendimento multidisciplinar e de longo prazo pode ajudar. Trabalhar em conjunto com outras especialidades, incluindo fisioterapia, dieta, aconselhamento genético e fonoaudiologia ajuda a identificar condições subjacentes e gerenciar sintomas.
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