DOR CRÔNICA
A dor é um problema clínico, social e econômico, sendo mais comum em mulheres do que em homens com idades similares.
Apesar de muitas vezes ouvirmos de pacientes: "ah, Dra, sinto só aquela dorzinha de sempre, normal” é importante ressaltar que sentir dor não é o normal.
A dor é definida por uma sensação desagradável, localizada em alguma parte do corpo e que costuma ser provocada por algum dano ou lesão, como corte, queimadura, inflamação ou por estímulos do sistema nervoso. Questões emocionais também são relevantes, uma vez que quadros como ansiedade e depressão podem impactar na intensidade da dor.
Estima-se que mundialmente entre 10 e 55% das pessoas sofram com algum tipo de dor crônica.
A dor é considerada crônica quando persiste por mais de 3 meses, e isso é um indicativo de que haja alguma disfunção no sistema nervoso ou nas fibras que levam informações sensoriais até o cérebro. Doenças como artrite reumatoide, fibromialgia, ou câncer também podem desencadear quadros de dor crônica. Em alguns casos a dor tem um impacto tão significativo que deixa de ser considerada um sintoma e deve ser tratada como doença. No Brasil mais de 1/3 da população considera que a dor crônica compromete as atividades habituais, e 3/4 que a dor crônica seja limitante para realização de atividades recreacionais e para as relações sociais e familiares.
Existem diferentes tipos de dor crônica e a determinação do tipo da dor interfere diretamente no seu tratamento.
• Dor nocioceptiva é aquela que surge após uma lesão ou inflamação. Os receptores de dor mandam essa informação para o cérebro visando proteger os tecidos. Essa dor persiste quando a causa não é resolvida. Alguns exemplos são: cortes, queimaduras, entorses, pisar em objetivos pontiagudos ou contraturas musculares.
• Dor neuropática é aquela causada por alteração no sistema nervoso central ou periférico. É uma dor intensa que pode ser acompanhada por sensações como queimação, formigamento ou agulhadas e hipersensibilidade ao toque. A dor pode ser bem localizada (em um braço ou perna) ou generalizada (quando diversos nervos são afetados). Importante ressaltar que nesses casos, estímulos não dolorosos como o contato do corpo com a roupa, por exemplo, podem desencadear a dor devido a alterações no sistema nervoso, e algumas vezes a dor persiste mesmo após a retirada do insulto inicial. Algumas causas de dor neuropática incluem: diabetes, neuralgia do trigêmeo, alcoolismo, infeções, traumas, esclerose múltipla, amputações e quimioterapia.
• Dor visceral é causada por anormalidades de órgãos como o estômago, rim, bexiga, vesícula biliar, intestinos ou outros e inclui distensão, isquemia, inflamação e tração do mesentério. É responsável por incapacidade física e psíquica, absenteísmo do trabalho e má qualidade de vida.
• Dor inespecífica pode ser causada por componentes nocioceptivos e neuropáticos.
O tratamento da dor crônica deve ser multiprofissional pois envolve mais do que somente a prescrição de um analgésico ou retirada do estímulo doloroso. O médico define o tratamento medicamentoso e juntamente com a equipe multiprofissional outras terapias podem ser indicadas como: fisioterapia, acupuntura, radiofrequência, alguns tipos de cirurgia e acompanhamento psicológico.
Cinesiofobia, imobilidade e a crença de que o repouso fará a dor melhorar são vilões quando o assunto é dor crônica, e cabe ao fisioterapeuta assistir o paciente nessas questões.
A neuromodulação (TMS/TDCS) não invasiva tem mostrado excelentes resultados no tratamento de dores crônicas, e quando associada a reabilitação é um poderoso tratamento, podendo inclusive diminuir a necessidade de medicação.